Até um terço dos pacientes recuperados da covid, especialmente casos graves, podem desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
O TEPT é muito, muito subdiagnosticado no Brasil. Ele é desencadeado após um evento traumático importante (acidentes, assaltos, violência sexual) nos quais houve risco ou ameaça à vida ou integridade do indivíduo. Pode acontecer quando o trauma acontece diretamente com a pessoa ou em testemunhas desses eventos. Adoecer por covid, com medo iminente da morte, internação, às vezes UTI e necessidade de respiradores são fatores suficientes para o desenvolvimento dos sintomas. Passar dias em isolamento com medo da morte também.
Os sintomas incluem mal estar com a revivência do trauma (lembrar, sonhar), reações físicas (crises de pânico) e pesadelos. É comum que a pessoa afetada passe a evitar qualquer situação que relembra o trauma. Pensamentos negativos, ansiedade, isolamento, insônia, inquietude, agitação e sintomas depressivos são comuns. Muitos pacientes queixam de dificuldades de concentração, irritabilidade e até aumento da agressividade.
Existem 2 subtipos de TEPT. Na especificação dissociativa os pacientes podem apresentar sintomas como despersonalização (sensação que a pessoa não é real) e desrealização (sensação que o mundo é um sonho, por exemplo). Esses sentimentos ocorrem em ansiedade grave e se relacionam à necessidade de se afastar mentalmente do trauma.
Na especificação lenta, os sintomas aparecem pelo menos seis meses após o trauma, levando tempo para aparecerem completamente.
Nós temos recebido vários casos de “crises de pânico”, aumento importante da ansiedade e “depressão” pós-covid que têm sido erroneamente diagnosticados como ansiedade generalizada, transtorno de pânico, etc. No Brasil, com tantos assaltos, sequestros relâmpagos, acidentes automobilísticos e violência sexual, o TEPT é muito subdiagnosticado. Casos pós covid, uma doença nova e com poucos estudos ainda são ainda menos reconhecidos. Isso importa pois o tratamento do TEPT requer medicamentos específicos, terapias pouco conhecidas como Eye Movement Desensitization (EMD), processamento cognitivo e terapia de exposição gradativa. Encontrar profissionais que conheçam essas especificidades é raro. Cada uma dessas abordagens, em conjunto, é utilizada para o tratamento do estresse pós-traumático.
O processamento cognitivo é uma abordagem que envolve falar com o terapeuta sobre os eventos que ocorreram e resultaram do trauma.
A terapia de exposição, rara no Brasil, utiliza exposição gradativa a cada um dos gatilhos associados ao trauma para dessensibilizar a resposta emocional.
O EMD é feito através de vídeos específicos para “reprogramar’ sua mente a lidar melhor com os sintomas negativos do trauma.
Os medicamentos são utilizados em conjunto a essas terapias.
Se você precisa de ajuda para lidar com o TEPT, procure um profissional de saúde para ajudá-lo na sua recuperação.
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