Oniomania, do grego (onios, à venda), e (mania, insanidade) é o termo técnico para o desejo compulsivo de comprar. O termo foi inicialmente utilizado por Kraepelin em 1915 e Bleuler em 1924. Embora tenha sido descrita há mais de cem anos, só nos últimos 25 anos a doença voltou a ser estudada, o que faz com que seja virtualmente desconhecida nas discussões sobre saúde mental. No entanto, o quadro parece estar a aumentar globalmente já que o terreno para seu desenvolvimento é fértil no mundo moderno, com o advento de compras online. Várias figuras históricas apresentaram episódios de compras em excesso. A rainha francesa Maria Antonieta era conhecida e odiada por isso. Na mesma lista figuram nomes como Jackeline Kennedy Onassis, Imelda Marcos e a Princesa Diana. Segundo seus biógrafos, os episódios de compras desreguladas custaram-lhes dinheiro, problemas pessoais e, no caso de Maria Antonieta, a própria vida.
Se de fato estas figuras apresentavam oniomania é motivo de especulações. Neste momento pessoas com compulsão por compras são enquadradas em "outros transtornos dos impulsos" e ainda há muita discussão se a oniomania é de fato um transtorno psiquiátrico em si ou um construto destes tempos modernos de materialismo e consumismo. Todas estas especulações tornam difícil seu diagnóstico, mas alguns critérios foram sugeridos na literatura científica (McElroy et al., 1994):
1. Preocupações ou compras mal-adaptadas como indicadas pelos seguintes: Preocupações ou impusos frequentes que são sentidos como irresitíveis, intrusivos ou sem sentido
Compras frequentes de mais do que se pode pagar, de itens que não são necessários ou comprar por períodos maiores do que planejado
Evidência de sofrimento marcado, consumo do tempo, interferência significativa do funcionamento social ou ocupacional, ou problemas financeiros
2. Não ocorre exclusivamente durante perídos de hipomania ou mania
Segundo a literatura científica no assunto, do dinheiro gasto pelos compradores compulsivos, 96% os gastam em roupas, 75% compram sapatos, 33% maquiagem, 42% joias, e 25% gastam com itens colecionáveis (Christenson et al., 1994).
Algumas perguntas podem ajudar a avaliar seu comportamentos de compras:
Você se sente preocupado\a em demasia com o ato de comprar ou gastar dinheiro?
Você acha que seu comportamento de comprar é excessivo, impróprio ou descontrolado?
Seus desejos, urgências, impulsos, comportamentos ou fantasias sobre comprar consomem muito tempo e lhe deixam chateado\a ou culpado\a e ocasionam sérios problemas na sua vida?
Como reconhecer se você é um comprador compulsivo? Compradores compulsivos, quando se sentem deprimidos compram ou gastam para sentir-se melhor. Eles comprar para sentir um efeito euforizante, de certa forma semelhante a um toxicodependente, que usa drogas para conseguir um "barato". Em geral, quanto mais caro ou mais supérfluo o item comprado (por exemplo, joias), maior o efeito euforizante. As compras compulsivas afetam mais mulheres que homem e em geral o comprador gasta em coisas que não precisa. As festas de fim de ano ou datas comemorativas caracterizadas por compras fazem com que todos nós gastemos mais do que planejado. Todos sofremos com compras compulsivas nestas épocas, que chamamos de "binge". Um comprador compulsivo apresenta diversos períodos de binge por ano e estes podem ser restritos a apenas um tipo de compra, como sapatos, por exemplo. Na casa de um comprador compulsivo podem se encontrar pilhas de objetos comprados ainda com as etiquetas. Muitas vezes compram roupas ou sapatos que nem mesmo servem. Alguns nem mesmo se lembram de tê-los comprado. Quando a família começa a reclamar do comportamento, o comprador compulsivo começa a mentir ou a comprar escondido e a esconder os objetos pela casa. Conforme as dívidas começam a acumular, os relacionamentos interpessoais sofrem.
Tratamento Psicoterapia (seja ela psicanalítica, cognitivo-comportamental), tratamento com medicamentos para os casos mais graves e mudança de hábitos.
Mudança de hábitos
Para prevenir compras compulsivas, os sofredores são orientados a alterar alguns hábitos em suas vidas:
Compre apenas com dinheiro e cartão de débito.
Destrua seus cartões de crédito, deixando apenas um guardado em local seguro para o caso de emergências
Faça listas de compras e só compre o que está na lista
Evite lojas em promoção. Se você for a uma, tenha a quantia certa de dinheiro que queira gastar consigo
Só passeie para ver vitrines quando as lojas já estiverem fechadas. Se você for passear em lojas ou ver vitrines em horário comercial, deixe sua carteira em casa.
Não receba catálogos de compras por telefone ou internet em casa. Se eles chegarem pelo correio, jogue-os direto no lixo. Não assista canais de compras.
Se você for viajar para ocasiões festivas, compre os presentes e embrulhe-os antes mesmo de sair de casa.
Nomeie os sentimentos: porque você compra? Porque está deprimido? Porque está entediado? Porque está se sentindo mal?
Exercite-se quando o impulso de comprar aparecer.
Evite lugares e pessoas que fazem com que você gaste dinheiro.
Leve um amigo em quem possa confiar se tiver que fazer compras.
Pergunte a si mesmo: eu realmente preciso disto ou estou comprando só porque o quero?
Lembre-se: se você está se sentindo fora de controle é porque realmente o está. Procure ajuda de um profissional de saúde mental para avaliação.
Referências: McElroy SL, Keck PE Jr, Pope HG Jr, Smith JM, & Strakowski SM (1994). Compulsive buying: a report of 20 cases. The Journal of clinical psychiatry, 55 (6), 242-8 PMID: 8071278 Christenson GA, Faber RJ, de Zwaan M, Raymond NC, Specker SM, Ekern MD, Mackenzie TB, Crosby RD, Crow SJ, & Eckert ED (1994). Compulsive buying: descriptive characteristics and psychiatric comorbidity. The Journal of clinical psychiatry, 55 (1), 5-11 PMID: 8294395 Black DW (2007). A review of compulsive buying disorder. World psychiatry : official journal of the World Psychiatric Association (WPA), 6 (1), 14-8 PMID: 17342214
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